segunda-feira, 21 de setembro de 2009

LACRIMEJAR


COM SAL NOS OLHOS, E AS MÃOS MOLHADAS


As mãos que olham,

são as mesmas que ferem

os cílios

com os dedos,

e assanham as sobrancelhas,

e os cabelos molhados.

(descabelados)


Os olhos que apalpam,

são os mesmos que rasgam

as pálpebras

de molho,

e mapeiam as células,

e os poros pelos aros.

(púbis pêlos rasos)


A vista das celas,

acariciam

a epiderme selvagem

da carne crua.


O tato digital,

observa

a inocência obscena

da pele nua.


Transpondo a paisagem,

num farejar indócil,

revelando territórios

hostis,

camuflados.


Enxergando a margem

incólume fóssil,

num radar de sáurios,

com a sanha

inflamada.


Répteis rasteiros e torpes,

arranhando o ventre liso

no úmido solo.


Vasculhando nas vestes

a maciez das flores,

maliciosas.


Até cambalearem moles,

com a embriaguez das uvas

seviciadas.


Fundos,

os buracos oculares de silício,

vomitam imagens

em silêncio,

incrustadas no panorama

das negras lentes

do óculos.


Juntos,

na caverna orbital de Polifemo,

choram sais as rochas

aos gritos,

com abrupto ciúme erótico

da membrana rubra

da saia.


Os sentidos transitam,

nas lágrimas em pranto,

em coro,

na chuva.


Os sentimentos amargam,

no mar revolto,

em ondas,

na espuma;


Que o sal enxuga,

lambendo a ferida suja

de areia da praia.

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