COM SAL NOS OLHOS, E AS MÃOS MOLHADAS
As mãos que olham,
são as mesmas que ferem
os cílios
com os dedos,
e assanham as sobrancelhas,
e os cabelos molhados.
(descabelados)
Os olhos que apalpam,
são os mesmos que rasgam
as pálpebras
de molho,
e mapeiam as células,
e os poros pelos aros.
(púbis pêlos rasos)
A vista das celas,
acariciam
a epiderme selvagem
da carne crua.
O tato digital,
observa
a inocência obscena
da pele nua.
Transpondo a paisagem,
num farejar indócil,
revelando territórios
hostis,
camuflados.
Enxergando a margem
incólume fóssil,
num radar de sáurios,
com a sanha
inflamada.
Répteis rasteiros e torpes,
arranhando o ventre liso
no úmido solo.
Vasculhando nas vestes
a maciez das flores,
maliciosas.
Até cambalearem moles,
com a embriaguez das uvas
seviciadas.
Fundos,
os buracos oculares de silício,
vomitam imagens
em silêncio,
incrustadas no panorama
das negras lentes
do óculos.
Juntos,
na caverna orbital de Polifemo,
choram sais as rochas
aos gritos,
com abrupto ciúme erótico
da membrana rubra
da saia.
Os sentidos transitam,
nas lágrimas em pranto,
em coro,
na chuva.
Os sentimentos amargam,
no mar revolto,
em ondas,
na espuma;
Que o sal enxuga,
lambendo a ferida suja
de areia da praia.
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