segunda-feira, 15 de junho de 2009

RASO OLHAR DE CANOA





Flutuante tábua de peito no rio,
a escorrer na líquida superfície,

e mover-se alavancada por membros em remo,
como que impelida por um assobio.

Simbila ao vento, num vaguear ermo,
feito ave no assoalho espelho do céu,
a tocar as nuvens, como se na água aterrisse,
e deslize à procura de peixes, sob o aquático dossel.

Arrojar tarrafas, marcando a lâmina em relevo,
com a circunda rede, numa viscosa captura,
funesta pesca de cardumes, quando dá época piracema.
Um fastio de tilápias, surubins, piabas e mandis.

O timoneiro oculta-se da rota, esguio feito acará-bandeira,
e a fatigada madeira escora-se à sombra da ribanceira.

(Telmo)

Um comentário:

  1. um belo olhar sobre a canoa e o rio, poesia tocante.
    E o "timoneiro" um viajante solitário... q desse pelo rio num tempo de "fastio" de peixes.

    passando pra deixar mais uma vez minha marca.

    bjss

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