segunda-feira, 24 de maio de 2010
MADRUGADA ÀS CEGAS
AMANHECE CALMO E FRIO O DIA E SUA TEZ ORVALHADA
SOB O CANTO ATÔNITO DOS SERES DE PLUMAS LEVES
QUE REINAM NO AR E RISCAM O CÉU
NUS E RINDO DOS RAIOS DE SOL
QUANDO A PALIDEZ SOTURNA SE DESFAZ
DA UMEDECIDA MADRUGADA
OS PÁSSAROS PINTAM AS CORES DO SEU CANTO
RESPLANDECENDO INCESSANTES COMUNICADOS
O SOM FAZ BROTAR DAS SOMBRAS A CLAREZA DO VERDE
O BRAILE A NOTAR-SE AO TOQUE DAS FORMAS
VERDADE E NATUREZA SE CRUZAM NA IDÉIA
O PLANO DE FUNDO CORTINA E O VÉU DE TODA A VIDA
VASCULHAR MEMÓRIAS E ENFILEIRAR DADOS
TODOS TECIDOS, TAPA OLHO, ESPELHO PLANO
A ENFEITAR DE FACES O MEU ROSTO
E DE SONHOS O MEU BREVE SONO.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Poema Recém Nascido
RECÉM NASCIDO
SEMBLANTE DO BEM
É FRÁGIL MAS AO CHORAR
TEM JÁ FORTE A SIRENE
QUE TEM TODO NENEN
TUDO APRENDE
SEM SE ASSUSTAR
QUANDO SE ESPANTA
DESCOBRE CRESCIDO
QUE JÁ SABE SONHAR
E VIVE, BRINCA E CANTA,
CRIANÇA COM OLHOS DE LUA
E PÉS DE VENTO
QUANDO PERCEBE SITUA
SE FOI A INFÃNCIA
DANDO UM PULO
SAI DO COLÉGIO
E TUDO ANSEIA O TEMPO
OCUPA A VIDA FEITO
UM RELÓGIO
E QUANDO A HORA
JÁ ESTÁ CHEIA
SE FEZ ADULTO PESADO
ELO ONDE ENXERGA
QUE ENVELHECIA
E VENDO TUDO
NÃO ACREDITA
QUE AGORA É VELHO
PELE MURCHA
CABELO BRANCO
PUXA VIDA
QUE EU AMO TANTO
TE PEÇO: MEDITA UM VERSO
QUE HOSPÉDE A LÁPIDE
terça-feira, 18 de maio de 2010
Peixes & Beijos
sábado, 15 de maio de 2010
POEIRA
quinta-feira, 13 de maio de 2010
PURA NATURA
Verde és tua calma
da paciência milenar das plantas,
substãncia pura e bruta
que não anda mas és completa.
Áurea de réptil
camuflada na pedra indócil,
perto da folha amarela
caída no solo espesso.
Ardósia de um brilho fronteiriço
entre o céu e o chão.
Tranquila a floresta ergue seus altares
sem ídolos, pois és matéria conjugada,
das nuvens até as raízes.
Um círculo infinito
entre o marrom e o dourado.
Tenso atrito que recicla
o verde em paz pura.
Teu sangue és de seiva
teu bálsamo de néctar
e tuas lágrimas só podem ser
do orvalho da névoa.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Afecto
quinta-feira, 6 de maio de 2010
ALFABETO
Muito tempo passei, em uma região
que figurava entre a palavra e o objeto.
Fissura de asa, entre o real sentido
e o primeiro grão motor gráfico do símbolo.
Eram crias de minhas entranhas que não se falava.
O avesso do verso em seu desmedido compasso.
Até que derreteram-se os calendários
e forjaram-se outros dias úteis,
mais fiéis ao lugar do gerúndio, ilimitado.
Um devir tranquilo e doido, diário.
Que logo arrasta o ciclo para um estopim drástico.
Solução para todos os fins.
O paradigma se constrói como os muros de um labirinto,
e se desmancha como no mar as ondas, repetidas.
Passei a ser junto, Fênix e Poseidon.
um alfabeto imaginário a esmo, em cima da folha:
um inseto e um fio de cabelo.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
O CACTO INTELIGENTE
O CACTO CRESCE NUM TRÓPICO,
ESQUECIDO, E ALI PERMANECE,
AVESSO AS CIRCUNSTÃNCIAS DO DIA.
MESMO CASTO DE CARÍCIAS,
MANTÉM SEU SEMBLANTE SOLITÁRIO,
TÍPICO DE PRATARIA OXIDADA.
SEUS ESPINHOS SÃO APENAS
UTENSÍLIOS EM DESUSO,
ESPERANDO POR UM IMPACTO.
O QUE VERIAM OS DADAÍSTAS
COM SEUS OLHARES CONFUSOS?
AQUELE CACTO TEM OS GESTOS
QUE SÓ OS RUMINANTES CONHECEM.
OS DESAVISADOS SE ATREVEM
COM SEUS GARFOS E SABOREIAM
SEUS GALHOS INDIGESTOS
TOMANDO ALCOOL DE APERITIVO.
TANTOS CACTOS DOMÉSTICOS,
DE ESTIMAÇÃO, MAS AQUELE
ERA SELVAGEM E ATRAENTE,
TINHA UMA FLOR DE MANDACARU.
MAIS PARECIA UMA INSTALAÇÃO,
OU UMA GUARITA
DE GNOMOS INTELIGENTES.
terça-feira, 4 de maio de 2010
ESTAÇÕES
QUANTAS ESTAÇÕES PASSARAM
DEPOIS QUE NOS SEPARAMOS?
MEU CORPO CONTINUOU NO VERÃO
ESTACIONADO, TEMPESTUOSO E QUENTE,
AGUARDANDO QUE A PRÓXIMA PRIMAVERA
VENHA, FLOREÇA NOS CAMPOS
E ACALME MINHA ALMA.
QUEM LEMBRARIA?
NÓS DOIS CAMINHANDO NA FLORESTA
ENTRE AS SENDAS,
INDO AO ENCONTRO DOS RIOS.
VOCÊ AGARRADA AOS MEUS BRAÇOS
E PENSAMENTOS.
E NÓS AINDA LIVRES,
DA ÃNSIA DE LIBERDADE
E DA SOLIDÃO.
QUEM SABERIA?
AQUELES BOSQUES CANTAVAM
LINDAS MELODIAS DE ESPERANÇA,
QUE HOJE DISTANTES
MAIS PARECEM LENDAS.
QUEM MAIS LEMBRARIA DESSAS CANÇÕES?
ESCREVEMOS COM UMA CHAVE,
APENAS NOSSOS NOMES
NA SOMBRA DE UMA ÁRVORE,
ALI PERTO.
DENTRO DE UM CORAÇÃO