sábado, 13 de março de 2010

A geléia de Parmênides


Não sou discípulo
dissipo, pulo e voo
sempre centrífugo...
Não sou vocálico
em voga o hálito da palavra
sou nevrálgico.
Não sou facínora
faço a sina na hora
sou o fascínio na víbora.
Não sou desaforo
mas adoro afagar o fogo
sou pólvora e fósforo.
Não sou Calígula
nem calo a gula da língua
sou o cavalo de sandálias sem garupa.
Não sou profeta
provo o fel da calafeta
sou o café frio na xícara.
Não sou alquimista
mas química, a mente acalma a vista
aleatoriamente sou masoquista.
Não sou complexo
complico o plexo desse nexo
sinto desejo sem sexo.
Não sou artista
minha arte despista
em parte sou lagartixa.
Não sou amigo
mas amo o âmago da intriga
sou um abrigo no seu umbigo.
Não sou distante
disto diante do instante
sou presente.
Não sou sozinho
mas só às cinzas me aninho
sou assim, na minha.
Não sou coerente
recorro ao erro da gente
sou um corredor na minha frente.
Não sou monumento
moro nas nuvens
sou vento.
Não sou ninguém
nem nego o alguém que sou
porém,
não sou farinha
mas de farelo em farelo
encho o saco.

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