sábado, 5 de dezembro de 2009

O TROVÃO


TALVEZ SIMPLESMENTE SOE
COMO UM TERRÍVEL ESTRONDO,
OU BADALAR DE SINOS ELETRÔNICOS
COM TROMBETAS E ARPÕES.

TALVEZ CLARO O RAIO ECOE
ENTRE AS NUVENS CARREGADAS,
NUM RIBOMBO LUMINOSO
DE CORISCOS NA CHAPADA.

A TEMPESTADE ANUNCIA
COM FAÍSCAS A BATALHA,
QUE AGUARDADA SE TRAVA
NUM VERÃO TENEBROSO.

O CÉU TORNA UM SALÃO
ONDE TOCAM OS ANCESTRAIS
A PRIMITIVA MÚSICA
DOS ETERNOS SERES NATURAIS

QUE DANÇAM NA CHUVA O RITUAL
DE ACASALAR COM A ÁGUA
NUS, EM RAROS CAMPOS
CINZAS DE OUTUBRO OU VERDES DE ABRIL.

OS QUE NÃO DANÇAM, ESPANTAM-SE
COM MEDO DO CHÃO TRAIÇOEIRO,
E ESCONDEM OS PÉS NAS CHINELAS

DEPOIS DE TENTAREM REVER
OS VALORES PREGADOS
NA RAZÃO E NO TEMPO.

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