A Tragédia na aldeia, entre o Poeta adivinho e o CorreioBrincava o ser sapiens, em ondas enigmáticas,
nas grutas galerias, nas cavernas museus
e nos ossuários de porcelana,
desde a remota era da arqueologia,
gravando nas louças de pedras e marfins
os símbolos da caça masculina e da fertilidade feminina,
e com a rupestre caligrafia, fez-se, da confusa babel
a neoplastia revigorante das palavras.
Da cerâmica, à pele preparada com alúmenes.
Dos hieróglifos egípcios, aos pergaminhos antigos, enigmáticos
que de tanto labor da idéia, aprimoraram o caos,
do pó, até a época recente das redes de informática.
Antes sapiens, mas, esqueceram-se, que as letras
foram Bordadas com a energia vital das marés calmas,
e que o subtil espúmeo véu sonoro das praias,
anunciavam-lhes uma futura tempestade de sentidos.
E assim como, o despretensioso vento esculpiu lentamente
o invólucro calcário das conchas,
o ribombo do trovão trouxe o medo,
e o raio imprevisto, a verdade.
As montanhas pacientes, bem que poderiam agitar-se,
e acelerarem, depois de um primeiro passo
a marca da erosão das horas,
até que do tenro atrito restasse apenas areia fina.
Mas o que seria da incessante ventania dos campos,
sem o combate com a teimosia resignante das colinas.
o mesmo que o pulsar de ondas dos mares,
sem a corrosiva luta contra as rochas.
Assim, o rechaçado oceano azul ciano,
misturou-se ao amarelo expansivo do sol,
ao encarnado vermelho inebriante das papoilas
e fez gotejar o verde láudano sobre as águas salgadas.
desde então o mar nunca mais desembreagou-se
e fez da contínua refrega, canções
derramadas em tinta fresca esferográfica
com relampejos e imagens sublimadas num papel.
Lutava um náufrago no cais, com a garrafa vazia de vinho
exalando no mar a transbordante e doce palavra pirata,
com pitoresca poesia de areia e vidro, esculpidas pelo cinzel
com aroma de duna solitária, ou oásis desabitado.
A costumeira embriaguez engarrafada, velejando em náuseas,
com a sensação vocálica da atritada ardósia de fogo,
na eterna sincronia das águas dos mares e do vento,
correspondente às caravelas, movimentadas pela bússola do tempo.
Clepsidra surgiu em maremoto, com um abastado silêncio de ampulheta,
questionando-se por onde escorreriam as sílabas resvaladas,
e até onde ecoariam as consoantes grávidas,
sussurradas com o gravame da vida, em ouvidos de cortiça magnética.
O Marinheiro perdido trajava farda em amarelo e azul,
envolta dos intranquilos pés, botas de couro bege.
nas costas, uma mochila com cartas endereçadas,
e na cabeça, um chapéu, destes de pôr em bustos, ou de sinalizar.
Navegava satisfeito em sua bicicleta,
pois já se fora a época de madeira das caravelas,
E cortava as ruas como um peixe cartilaginoso,
adaptável a agonia de faca submarina.
as linhas laterais, tornavam-no exímio captor sensório
das vibrações alheias e dos campos elétricos.
Tinha para respirar brânquias narinas e guelras felinas
e fileiras de dentes para mastigar os números das casas.
Imprudente burlava o sossego dos muros
e feria com o dedo ligeiro, as campainhas,
como feria as cordas da cítara, o pombo viageiro,
de eriçadas plumas musicais e ramagens no bico.
Quando cansado de burlar, repousavas num aradado pomar,
bradando hinos aos canários e aos galos de campina,
comemorava saltando piruetas, piando, negro como o pássaro tiziu,
a dançar sua plumagem nupcial, como que cantando às fêmeas.
depois o arauto carteiro selvagem, invadia os lares
feito besouro zumbindo de súbito, presságios.
E proclamou os festins da sacerdotisa de Baco,
junto com as moscas entorpecidas, pelo tinto olor das uvas.
Ah! lendária Cleópatra, enfeitiçada por Dionísio,
prometera a Marco Antônio, auspiciosa,
que beberia o valor de uma província, numa taça de vinho.
E Bebera!junto do vinho no cristal ocre, uma valiosa pérola.
Após degustar, de tal talismã medicinal,
pôde também repousar resignada,
decúbita em vigília, abraçada por uma aragem fria,
e hipnotizada por heras seculares e videiras.
Mergulhou, nas profundezas encarnadas da vida,
que tardias revelaram, sua verdadeira idade nos milênios
pôde então filosofar pela última vez, antes de acalmar sua fadiga,
por alimentar as forças e o calor dos homens,
o vinho é sangue da terra e através dele enxergamos a verdade.