sábado, 3 de outubro de 2009

TARDE MORTA


TODOS, VIVOS SUICÍDAS

Tarde morta, amarelo queimado
sob um sol distante, se disfarça o acinzentado.

Cérebros ofegantes, tédio, poluição
o céu não tem mais seu mistério
ou será o homem que perdeu a razão?

Há um quadro vivo em minha mente
o mundo dança mesmo moribundo
as árvores, tristes balanços, galhos histéricos.

Urubus sobrevoam cheiro de morte,
a carne fétida em putrefação.

ciclo da
vida

espiral
da
loucura

há muito não caminhamos
apenas somos guiados
que caminho seria um atalho?
qual destino não seria escarpado?
que instinto seria uma vontade?
qual desejo seria uma obrigação?
que vida seria liberdade?

Nos tornamos mais humanos
quando somos animais!

o que seria um rio no olhar de um peixe?
que seria no olhar de pescador?
que seria no olhar da sereia?
que seria no seu olhar?

seria
apenas
um rio?

seria
apenas
um olhar?

Não sei se choro ou mijo!
Não sei se olho ou rio!

sei que esse fluxo não cessa!
que todo líquido desagua!
e que a tarde sempre renasce!